"O povo que andava nas trevas viu uma grande luz" (Is 9,1)


Data da Postagem: 29 de Novembro de 2019

ENCARNAÇÃO: mistério que se celebra ajoelhado


                Querido amigo e amiga, estamos por iniciar mais um Ciclo litúrgico, o Ciclo do Natal. Esse tempo nos coloca diante do mistério da Encarnação, um dos momentos mais importantes para a fé cristã, e nos ajuda a vivê-lo. O mistério da Encarnação é grande por demais: o próprio Verbo, que é Deus com o Pai e o Espírito (cf. Jo 1,1-18), fa-se homem e vem morar junto dos seus. Mas, como concxeber que um Deus, na sua onipotência, caiba no seio virginal de uma jovem? Como compreender que um Deus, sem deixar-se de sê-lo, torna-se homem, como os demais, exceto no pecado (cf. 2Cor 5,21)? De fato, o mistério da Encarnação é grande por demais. Mas, como colocar-se diante dele?

                Pode ser que você já tenha escutado, alguma vez, alguém lhe dizer que mistério é mistério e pronto, não tem o que entender, é mistério, não tem como conhecer; não tem como tocar. E pode ser que você tenha se contentado com isso. E longe de ter eu a pretensão de dizer qpura e simplesmente que essa afirmação está errada. Não sei o contexto em que a ouviu. Agora, talvez seja mais bem acertado dizer que o mistério é grande, e tão profundo que nunca seremos capazes de abarcá-lo todo; no entanto, podemos, graças a Deus, adentrá-lo. É isto, não podemos ter pretensão de esgotá-lo; pois jamais, tratando-se de mistério, seremos capazes de sugartodo o seu sabor; pois se assim o fosse, não seria Deus; logo, não seria mistério divino. Mas Deus quis mostrar-se, quis fazer-se conhecido, quis revelar-se. Então, como colocar-se diante desse mistério?

            Quando alguém se propõe a peregrinar pela Terra Santa, perfazendo os passos de Jesus de Nazaré, depara-se com uma antiquíssima basílica; aliás, com muitas, mas refiro-me à Basílica da Anunciação, em Belém. Mas, você pode perguintar-se: No que essa basílica pode nos ajudar no perscrutas o mistério da Encarnação? Eu lhes respondo: em muito.

                      Essa Basílica foi edificada sobre a gruta onde a Virgem Maria e o justo José contemplaram, pela primeira vez, o rosto de Deus sem véus, e o adoraram. Ali os anjos o serviram, os pastores inclinaram-se e os magos o presentearam. Ali Deus amou a humanidade toda de uma forma muito especial, e a dignificou. Dessa maneira, irmãos e irmãs, a santa Gruta de Belém é lugar, não só para a razão, para a busca racional do mistério, mas de encontro, é lugar de adoração. Bem no lugar onde se acredita ter sido o local do nascimento de Jesus, foi construído uma estrela de quatorze pontas, tendo no centro, uma espécie de pratinho com óleo perfumado, onde as pessoas podem tocar. Contudo, para poder tocá-la, é preciso inclinar-se, ajoelhar-se, prostar-se e esticar-se, meter-se para dentro. Logo, portanto, a Basílica nos ajuda a entender qual deve ser nossa atitude, diante de tão grande mistério: de adoração.

                     Irmã e irmão, agora este ciclo chegou e a liturgia quer nos ajudar a criar, em nós, essa atidude de adoração. Ela vai nos propor, dado a grandiosidade do mistério e por não podermos celebrá-lo todo em uma única vez, um caminho em três tempo: o tempo do Advento, que é aquele de preparação, por meio de quatro domingos; depois o tempo da própria quatro domingos; depois o tempo da própria solenidade, a celebração do Natal do Senhor; e, por fim, o tempo do Natal, onde vamos contemplar esse mistério. Por fim, desejo-lhes um abençoado caminho e que juntos, não só recordemos os passos de Jesus, mas celebramos essa importante solenidade, com lâmpadas acesas, esperando a sua segunda vinda gloriosa. Aproveito para desejar-lhes, a vocês e aos seus, um abençoado  Natal e um santo 2020.

Pe. Reginaldo Teruel Anselmo